A água que corre no rio não para a cada obstáculo que encontra, nem evita cada desafio que descobre no caminho. A água que corre no rio deixa-se ir, suavemente, ao ritmo da vida, de acordo com o seu processo. Deixar-me ser como a água do rio que abre caminho entre as pedras e cedo ou tarde chega ao seu destino, é algo que me fará mudar.
Quero tudo para ontem, pois tenho medo de perder a oportunidade de encontrar a felicidade escondida no fim do arco-íris. Perco a calma e ganho o desequilíbrio. Enquanto crianças abraçamos o mundo e vivemos tudo o que há para viver. Aos poucos vamos perdendo a ingenuidade e também a criatividade de fazer da vida o espaço onde queremos estar.
Aceitar que sou como a água que percorre cada canto do seu caminho sem queixas nem lamúrias, sem querer ser vítima do meu destino, é tarefa difícil. As cortinas que me tapam os olhos nem sempre me deixam ver a beleza das sincronicidades que me rodeiam. Não compreendo o caminho que percorro e perco-me na imensidão dos medos e das dúvidas.
Nem sempre aceito ser como a água que percorre o seu caminho e precisa de tempo para lá chegar. Nem sempre me vejo como os teus olhos me veem e duvido do que está para chegar.
Mas há momentos em que o sol rasga por entre as nuvens, em que a vida me mostra o caminho e me faz acreditar que estou no sítio certo, que devo ter paciência pois o melhor está para chegar.
A água do rio, que corre sem parar, só vive o agora, sem se perguntar como, quando, onde, com quem. Há quem trate disso, não tenho de me preocupar.
Deixar-me ser como a água do rio é algo que me fará mudar.