O final de agosto trouxe o términus de um projeto no qual me envolvi com muito gosto e que me deixa saudade. Também trouxe  muitas emoções à mistura e alguma dificuldade em saber geri-las. Se por um lado sinto necessidade de descansar e fazer outras coisas, por outro fica o vazio e a ausência de toda aquela agitação. Saudade, como gerir?

Nós somos criaturas de hábitos e é muito fácil criarmos rotinas. Quando elas se quebram sente-se um vazio estranho, principalmente, em situações que nos fazem sentir bem. Sente-se muita vontade de querer mais e toda a mudança traz um cheirinho de inquietação pois não sabemos o que vai acontecer a seguir.

Foi assim que me senti recentemente. Toda a envolvência com crianças, adolescentes e um grupo de outras pessoas que conheci me encheu o coração. Quando se para e se larga vem o despego. Tarefa difícil de se fazer, pelo menos para alguns.

Nada termina, tudo muda, novas coisas surgem. Outros formatos aparecem. Quem tem de permanecer, permanecerá.

A sexta-feira foi um dia difícil. Os abraços dos mais pequeninos ao final do dia deixaram saudade. Quero sempre mais do que é bom! Tudo na vida é um ciclo que começa e termina. Uns são maiores, outros mais pequenos. É importante reconhecer as aprendizagens feitas e permitir-me abrir novos caminhos para novos inícios.

Guardo na memória bons momentos que me fazem sorrir, momentos de vergonha que me fazem corar, momentos únicos de felicidade que me enchem o coração. Ter todas aquelas crianças à minha volta foi fantástico pois fizeram-me viver momentos intensos de tudo.

Sábado foi dia dos mais velhos. Ir ver os “meus” meninos adolescentes a fazer provas de equitação foi muito bom. Senti que para eles também foi importante a minha presença e isso conforta-me e enche-me o coração mais um bocadinho.

A ansiedade dominou toda a gente, miúdos e graúdos! Mas todos fizeram uma boa prova. Se não experimentarmos os desafios, não sabemos como correm. Tudo serve para nos fortalecer, desde que saibamos usar as vitórias e as derrotas a nosso favor. Trouxemos o primeiro lugar nos saltos de 50 cm o que foi muito bom. Orgulho de todos eles.

Eu fiz a reportagem fotográfica. Ora os cavalos e cavaleiros eram um bocadito rápidos e só para o fim é que eu estava boa para começar! São as experiências que fazem de nós quem nós somos, para a próxima também já sei como fazer melhor.

Quando te abres e permites que os outros entrem na tua vida e tu na deles, deixas um bocadinho de ti e levas um bocadinho de cada um deles.

Quanto à saudade, vai-se contornando, ela não significa escassez de nada. As pessoas não desaparecem das nossas vidas, mas ao trabalhar o desapego percebes que não podes depender apenas dos outros para viver feliz. Nem do seu amor, nem da sua presença. Mas posso guardar no coração tudo o que vivi.

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